Texto para as questões de 05 a 10

O INCÊNDIO
  1. A frente do Ateneu apresentava o aspecto mais terrível. De vários pontos no telhado, semelhando colunas torcidas, espiralavam grossas erupções de fumo; irrompia também por braços imensos, que pareciam suster a mole incalculável de vapores no alto. Com a falta de vento, as nuvens, acumuladas e comprimidas, pareciam consolidar-se em vaporosos rochedos inquietos. Às janelas do primeiro andas as chamas apareciam, tisnindo os umbrais, enegrecendo as vergas. Tratadas a fogo, as vidraças estalavam. Distinguiam-se na tempestade de rumores o barulho cristalino dos vidros na pedra das sacadas, como brindes perdidos da saturnal da devastação. 
  2. Nos lugares ainda não alcançados, bombeiros e outros dedicados arremessavam para fora camas de ferro, trastes diversos, veladores, que vinham espatifar-se no jardim, com um fracasso esmagamento. As imagens da capela tinham sido salvas no princípio do incêndio. Estavam enfileiradas ao sereno, à beira de um gramal, voltadas para o edifício, como entretidas a ver. A Virgem da Conceição chorava. Santo Antonio, com o menino Jesus no colo, era o mais abstrato, equilibrando a custo um resplendor desproporcional, oferecendo ante os terrores a amostra de impassibilidade do sorriso palerma, que lhe emprestara um santeiro pulha. 
  3. O trabalho das bombas, nesse tempo das circunscrições lendárias, era uma vergonha. Os incêndios acabavam de cansaço. A simples presença do Coronel irritava as chamas, como uma impertinência de petróleo. Notava-se que o incêndio cedia mais facilmente sem o empenho dos profissionais do esguicho. 
  4. No sinistro do Ateneu a coisa foi evidente. Depois das bombas, a violência das chamas chegou ao auge. Do interior do prédio, como das entranhas de um animal que morre, exalava-se um rugido surdo e vasto. Pelas janelas, sem batentes, sem bandeira, barrotes, acima de invisíveis braseiros, como animados pela dor, recurvavam-se crispações terríveis, precipitando-se no sumidouro. No meio da multidão comentava-se, explicava-se, definia-se o incêndio. 
  5. Que felicidade ser o desastre em tempo de férias! Dizem que foi proposital..." 

(POMPÉIA, Raul – O ATENEU – Ed. De Ouro – Rio de Janeiro – Páginas 214 e 215)

05. QUESTÃO

No segundo parágrafo, o autor procura revelar.

A) a inutilidade dos santos
B) as crendices populares
C) o esforço inútil para conter as chamas
D) o sucesso dos bombeiros em apagar o fogo
E) a grande importância dos poderes dos santos

06. QUESTÃO

Em que opção a palavra "diversos"(linha 11) não encontra correspondente? 

A) diferentes trastes 
B) vários trastes 
C) trastes diferentes 
D) trastes vários
E)  distintos trastes


07. QUESTÃO

Na concepção do autor, o papel das "bombas" e: dos que combatiam o fogo" era:

A) eficiente
B) eficaz
C) producente
D) contraproducente
E) positivo

08. QUESTÃO

A expressão "a custo" (linha 16) significa:

A) que não é barato
B) com dificuldade
C) demoradamente
D) abruptamente
E) com eficiência

09. QUESTÃO

"mole" (linha 03) tem como equivalente semântico: 

A) que cede à compreensão 
B) preguiçoso 
C) sem energia 
D) volume enorme
E) indolente

10. QUESTÃO

Há insinuação de que o incêndio fora: 

A) obra do acaso 
B) proposital 
C) um mal necessário 
D) uma imprudência

GABARITO

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