QUESTÃO

(ENEM) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos
pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”.
BARBINAIS, Le Gentil. Noveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO,
J. R. as festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 (adaptado).

O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período colonial, ela
a) seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.
b) demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.
c) definia o pertencimento dos padres às camadas populares.
d) afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.
e) harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.



RESOLUÇÃO:

As festas religiosas de devoção aos santos, como a de São Gonçalo do Amarante, tinham um sentido sincrético mas que extrapolava a dimensão religiosa, funcionando simultaneamente como elemento de integração social, ainda que momentânea, e de resistência simbólica dos negros e excluídos de várias matizes. Em razão disso, inseri-las em um contexto comunitário estava no compasso do estreitamento dos laços coloniais entre os nativos e os representantes da Coroa, tornando as relações sociais mais horizontalizadas, ainda que de modo efêmero.

FONTE DE PESQUISA: EDITORA FTD S.A./ENEM COMENTADO 2012

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